“FALA AI PROFESSOR COM O PROFESSOR HERNANI LEAL"
WILKER BORGES: Atualmente nós vivemos em um mundo capitalista onde as desigualdades sociais e o preconceito é visível, você acredita que em pleno ano eleitoral, diante das propostas dos políticos e os atuais projetos governamentais, é possível ver mudanças para as próximas décadas?
HERNANI LEAL: Primeira coisa para que aja mudança é necessário que aja conscientização. E se a mudança tem que ser política, é necessário que se mude os políticos ou pelo menos a mentalidade política. E essa conscientização é preciso que ela venha da juventude e da adolescência, porque essas ideias fixas de que a politica é importante e que deve se envolver em política e que se deve procurar saber sobre política, tudo isso diz respeito a vida de todos nós diariamente, essa conscientização tem que estar fixa na cabeça do jovem, para que aja mudança futura.
Porém não vejo muitos prospectos de mudança, não sei em longo prazo, já em curto prazo as prioridades da juventude são outras, temos ai os Playstantions da vida, os jogos. O pessoal está bem mais envolvido nisso.
Se você perguntar em uma escola no terceiro ou segundo ano do ensino médio, o pessoal de 16, 17, 18 anos quem tem titulo de eleitor, você vê um número muito pequeno, ou seja, não é a prioridade deles, então para que se aja uma mudança futura é preciso que primeiro aconteça uma mudança na educação do presente, para que se possa ter uma perspectiva melhor de futuro.
ANA CAROLINE NAVES: Estamos em um ano eleitoral, em que o nosso voto pode mudar o destino do Brasil, infelizmente os jovens não são politizados, não se preocupam com política e nem com seu voto. Como você analisa essa situação?
HERNANI LEAL: Da mesma maneira que fomos educados para falar português e podemos nos educar a falar outra língua, a questão de nos interessar por alguma coisa também é uma questão cultural, se a política é passada como uma coisa importante se é passado como uma coisa vital isso é um dos principais meios pra que se possa desenvolver uma atenção maior para questões dessa área.
Por exemplo, as pessoas só se interessam por aquilo que acontecem com elas, na sua vida de um modo que as afete, se não afetar isso é passado por cima. Se você é ensinado a todo tempo a não se interessar por política e se é colocado varias outras prioridades para você, justamente com o objetivo de tirar o seu enfoque, você não vai se interessar, porém a partir do momento que te atinge diretamente, você vai procurar saber. Entretanto o correto seria que envolvêssemos em tudo, porque tudo isso diz respeito a nossa vida e temos condição de nos tornarmos mais politizados.
ANA CAROLINE NAVES: Ao comentar sobre a política, você acabou envolvendo um meio de comunicação em massa que é a Televisão, infelizmente é o que movimenta e o que faz a cabeça do jovem. Atualmente o jovem é mais informado do que o jovem de décadas atrás, jamais em 1960 um jovem imaginaria que ele poderia se comunicar com alguém do outro lado do mundo apenas na frente de um computador e ai nos surge o questionamento, a evolução trouxe mais informação ou mais alienação?
HERNANI LEAL: È o caso de você ter a criatividade de não digo duvidar, mais no sentido de olhar com uma maior atenção a fonte da informação, a política da informação. Por exemplo, a uma discrepância imensa entre informações, e vamos supor que seja entre uma determinada revista e outra.
Por exemplo, tem se a noção de que a "VEJA" é uma revista de direita, geralmente sempre falou mal dos candidatos do "PT", geralmente visa mais esse tipo de discurso de elite, não é de maneira nenhuma o mesmo discurso da revista "CAROS AMIGOS", são duas revistas completamente opostas, no entanto tem gente que lê as duas com a mesma visão. Podemos observar principalmente isso, você vê que jovem tem uma gama de informações, mais ele só absorve, ele não filtra, no sentido de ver o que é bom o que é ruim, o que condiz e o que não condiz ou qual é a intenção da pessoa de liberar determinada informação, eles só absorvem a informação acho que o principal problema está ai, como filtrar a informação, e observar com atenção a fonte, ai tudo fica fácil de manipular ou não.
WILKER BORGES: Compensa abdicar de um sonho profissional ou pessoal e seguir outro rumo, indo somente em busca de sucesso de dinheiro?
HERNANI LEAL: Sinceramente eu acho que todo mundo faz isso, a grande maioria da população pelo menos. È difícil você ver ai alguém que corra atrás de um sonho e que paga o preço por isso, e que tira do trabalho o prazer e que ainda se sustenta, assim se realmente for o sonho da pessoa, porque se agente for falar em sonho agente só vê as pessoas falarem que querem ser ator e artista.
Então acho que a maioria das pessoas faz isso de abdicar os sonhos, as pessoas procuram estabilidade, conveniência. São raras as pessoas que fixam no seu sonho, no que lhe dá prazer e seguem. As pessoas procuram conveniência e estabilidade.
ANA CAROLINE NAVES: Professor uma mensagem para finalizar.
HERNANI LEAL: Primeira coisa conscientize de tudo, procurem ver as coisas eu sempre digo “acreditem em nada do que você ouve e em metade do que você vê”, então procure que toda a informação já venha passada por um filtro de intenção, então para receber informações também seria interessante ter o filtro, para saber qual a intenção é daquela informação, colocar a informação em cheque, vamos verificar isso, vamos ver a procedência a intencionalidade, não ser manipulado, não ser enganado é isso o que mais ocorre na sociedade, nós somos “massa de manobra”, então se informe, conscientize pra que não sejamos levados ai como “massa de manobra”.
ENTREVISTA:
ANA CAROLINE NAVES
WILKER BORGES
EDIÇÃO :
ANA CAROLINE NAVES
